quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Ainda

 Só volto aqui pra isso.

Você não some. Quero te esquecer

Mentira

Não quero te esquecer

Tenho medo te esquecer

Você já me esqueceu faz tempo

Você já me lembrou?

Você nunca me perguntou nada 

É, você nunca quis saber

Você já quis me ouvir?

Como sou bestinha, né 

Às vezes parecia tão certo

Tão na cara

Você notou? 

Porque não me beijou?

Porque fugiu antes que eu falasse?

Da última vez que eu te vi 

Eu te disse: é a última vez...

E você fez uma cara 

Como se eu tivesse dito

Tou com corona vírus

E fugiu

Eu nunca mais vou te ver?

Nós vamos sempre fugir?

Tenho fotos suas aqui...

Eu queria te ver 

Eu queria conseguir falar contigo 

naturalmente, sem ensaio , sem drama 

Ah, sou a última que ainda gosta de ligação 

Bem que você poderia me ligar de surpresa

E me dizer tudo que eu queria ouvir 

Um papo leve , ouvir tua gargalhada

Eu te vejo como um menino

Eu sei. Sou bem mais nova 

Mas, eu também me sinto assim

Somos dois pirralhos 

"Volver a Los diecisiete"

Em meu sonho, só eu brotei...

Eu me sentia tão vulnerável

Coisas da paixão

Tudo isso

Você nem aí

Minhas fantasias

Não me deixa achar que sou louca.

Podia ser leve

Podia ser bom

Podia ser divertido

Nada tão sério

Um sopro de vida

No teu ouvido

















sábado, 1 de agosto de 2020

Sobre o amor

Vivo pra o amor
Mas hoje isso (disseram
Tá fora de moda 

Pra amar é preciso perder
Não há garantias 

O amor é azul
Azul cobalto? 
Oceano profundo

Azul como o céu do sertão
Sem nenhuma nuvem 
Em tempo de seca

Ou seria como o céu do sertão 
Na primeira chuva
Acordando a terra fértil

terça-feira, 21 de julho de 2020

Na real

Ah, eu só queria saber se...
você achava mesmo que
minha presença era válida

Não,
não

Eu queria saber se
você
hoje,
ainda, ou
algum dia, que seja

me desejou
ardentemente
queria me beijar
inteira
quase morreu
de saudade
fica insone
quase enlouquece
dedicou-me duas músicas
leu os poemas na tela
achou os escritos nas paredes
chorou escondido
ficou revoltado
me odiou por instantes
tentou resoluto esquecer-me
quase se achava exitoso
sonhou comigo três vezes
considerou viajar por horas
planejou tantas palavras
imaginou minhas respostas
precisa relembrar meu cheiro
me ver
antes de morrer
antes do mês acabar
amanhã






segunda-feira, 20 de julho de 2020

Maldade

Maldade é a gente
não se ver nunca mais


Chico Alvim

terça-feira, 14 de julho de 2020

outro sonho

nesse, eu te ligava.
mas não lembro mais o que te dizia.
vai ver só ouvir tua voz, sei lá...
e você me respondia
acordei
querendo te ligar
pra te perguntar
o que era que me dizias...


terça-feira, 16 de junho de 2020

Paixão

É mergulhar em vermelho


domingo, 14 de junho de 2020

Eu tive febre

Ele disse calma
E só respirar fundo...

Eu tou com febre

E quem consegue?
Com dez mil mortos
Tentando entrar pela janela

Ouviu? Febre
Esse ruído chiado é minha respiração
E você quer salvar o mundo
E eu também, mas não consigo
Quero ao menos não surtar
Passar a febre

Ele disse faz ioga
Toma aquele comprimido...

Porque não morre o presidente?
Porque ele ainda tá vivo?
(Febre)
Ninguém vai envenená-lo?
Atirar em sua testa?

Eu queria ao menos levantar
Que a cabeça parasse de latejar
Já são mais de 30 mil
Fantasmas espiando pela janela
E aqui, absurdamente
O prefeito constrói um novo cemitério
E eu mergulho
numa piscina vermelho sangue

Você sussurra vida em meus ouvidos
Descongela minha paralisia
Tua voz pronuncia meu nome
Me sacode do torpor, e diz:

quarta-feira, 6 de maio de 2020

tu queres apagar apagar apagar meu desejo que te assusta
meu olhar se perde
a cabeça pesa
imobiliza o meu corpo
apagar
meu corpo borbulha lava
escorre suor com a mão fria

eu tive febre
38,5 - febre
calafrios
e tremores
só pra te dizer
antes que seja tarde...
mas você nem quer saber!

o medo veio sufocar
entupir minha garganta
o medo veio estreitar
o espaço entre as costelas
fazer respiração chiar
o olhar vagar sem pouso

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Sexta feira da paixão

Alguns estão dormindo de tarde,
outros subiram para Petrópolis como meninos tristes.
Vou bater à porta do meu amigo,
que tem uma pequena mulher que sorri muito e fala pouco,
como uma japonesa.
Chego meio prosa, sombras no rosto.
Não tenho muitas palavras como pensei.
“Coisa ínfima, quero ficar perto de ti.”
Te levo para a avenida Atlântica beber de tarde e digo: está lindo,
mas não sei ser engraçada.
“A crueldade é seu diadema…”
O meu embaraço te deseja, quem não vê?
Consolatriz cheia das vontades.
Caixa de areia com estrelas de papel.
Balanço, muito devagar.
Olhos desencontrados: e se eu te disser, te adoro,
e te raptar não sei como dessa aflição de março,
bem que aproveitando maus bocados para sair do
esconderijo num relance?
Conheces a cabra-cega dos corações miseráveis?
Beware: esta compaixão é
é paixão.

Ana C.

terça-feira, 24 de março de 2020

vai fazer 1 ano


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Preamar

Vivo para o amor,
mas isso, hoje em dia, está fora de moda.
E a paixão?
Temo e desejo.
Penetro cuidadosa em seu oceano vermelho
Sinto a delícia da espuma nos pés, tornozelos
Mas logo sou tragada pela intensidade da correnteza. 
Tento manter a cabeça fora d'água, 
e vem uma onda que me submerge por inteira.