sábado, 30 de junho de 2012

As fronteiras são incertas
os contornos ambíguos...

já me mataram tantas vezes
e eu,
teimosa que sou
insisto em ressurgir
feito fênix
labareda da cinza apagada
 a cinza que faz fogo
quando atiça a fogueira de São João
onde parecia extinta

Eu previ mil melodias
mas não soube escrever nenhuma




Primavera

Você estava comigo
sobre um pergolado florido
e tinha minha mão e meu rosto junto ao teu
Era tudo claro e luminoso
                                                                                 29/07

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Mar Absoluto (fragmentos)

Foi desde sempre o mar,
E multidões passadas me empurravam
como o barco esquecido.
(...)
E assim como água fala-me.
Atira-me búzios, como lembranças de sua voz,
e estrelas eriçadas, como convite ao meu destino.

Não me chama para que siga por cima dele,
nem por dentro de si:
mas para que me converta nele mesmo. É o seu máximo dom.
(...)
Aceita-me apenas convertida em sua natureza:
plástica, fluida, disponível,
igual a ele, em constante solilóquio,
sem exigências de princípio e fim,
desprendida de terra e céu.
(...)
Não é apenas este mar que reboa nas minhas vidraças,
mas outro, que se parece com ele
como se parecem os vultos dos sonhos dormidos.
E entre água e estrela estudo a solidão.
(...)

Cecília Meireles

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Queria encontrar uma música, mas nenhuma era suficiente...

[como um suspiro na madrugada]