quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Revelações da madrugada

Eu preciso gritaaaaaaaaaaar
toda essa raiva das desgraças recentes
Eu preciso gritaaaaaaaaaaar
todo esse amor e brilho aqui dentro
Mas já é meia noite
e dorme toda gente.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Cantos novos

Diz a tarde: "Tenho sede de sombra!"
Diz a lua: "Eu, sede de luzeiros."
A fonte cristalina pede lábios
e suspira o vento.

Eu tenho sede de aromas e de sorrisos,
sede de cantares novos
sem luas e sem lírios,
e sem amores mortos.

Um cantar de manhã que estremeça
os remansos quietos
do porvir. E encha de esperança
suas ondas e seus lodaçais.

Um cantar luminoso e repousado
cheio de pensamento,
virginal de tristezas e de angústias
e virginal de sonhos.

Cantar sem carne lírica que encha
de risos o silêncio
(um bando de pombas cegas
lançadas ao mistério).

Cantar que vá à alma das coisas
e à alma dos ventos
e que descanse por fim na alegria
do coração eterno.

  
Federico Garcia Lorca