quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Pensariam que foi só um sonho

Aconteceu, e conto com um grande atraso, na última semana de Outubro...

Adormeci. E só recordo que caminhava até a sala, tudo perfeitamente real e cotidiano, as luzes todas apagadas... Mas eu não tocava os pés no chão, e percebia que estava estranhamente leve, flutuando sobre o tapete da sala. Parecia que a gravidade era outra, mas não conseguia me desprender, manter ereta, havia algo me puxando para baixo, e aquela sensação de vertigem que aparece frequentemente em meus sonhos mais significativos. Entretanto, naquele momento lá na sala eu sabia que estava dormindo, que meu corpo ainda estava em meu quarto sobre a cama. Resolvi aproveitar, me concentrar e pensar em algumas pessoas, que imaginei que dormiam naquela hora, para que elas também pensassem em mim. E enquanto estava nesse estado, pensava: se eu contar isso o que está acontecendo para alguém, vão dizer que foi só um sonho.

Acordei ainda madrugada, voltei a dormir. Acordei e já era dia.


terça-feira, 15 de novembro de 2011

A um ausente

(...)
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

(...)

Carlos Drummond de Andrade