sábado, 7 de maio de 2011

Pessoa entende

"Por isso sê para mim materna, ó noite tranqüila...
Tu, que tiras o mundo ao mundo, tu que és a paz,
Tu que não existes, que és só a ausência da luz,
Tu que não és uma coisa, rim lugar, uma essência, uma vida,
Penélope da teia, amanhã desfeita, da tua escuridão,
Circe irreal dos febris, dos angustiados sem causa,
Vem para mim, ó noite, estende para mim as mãos,
E sê frescor e alívio, ó noite, sobre a minha fronte..."

Apelo

Venham, apertem minhas mãos
me salvem de mim.
Sintam o perfume do pulso, estranho, que agora é meu.
Beijem minha testa,
beijem meu rosto.
Preencham a solidão
na vindoura madrugada.